Reação Adversa a Droga
A reação adversa a droga pode ser classificada em dois tipos:
Tipo A - são reações dose dependentes e previsíveis, como:
- Superdosagem (ex. hepatite medicamentosa com paracetamol)
- Efeitos colaterais (ex. sonolência provocada por uso de dramin)
- Evento secundário ao uso da medicação (ex. pseudocolite membranosa por uso de antibiótico)
- Interação medicamentosa (ex. sangramento por uso de anti-inflamatório não esteroidal com marevan)
Tipo B - são reações dose independentes e imprevisíveis, como:
- Pseudo-alergia (ex. doença respiratória exacerbada por uso de anti-inflamatório não esteroidal)
- Imuno / Alérgica (ex. anafilaxia / Exantema / Anemia Hemolítica / Doença por Imunocomplexo)
- P-I concept - interação direta do medicamento com receptor de linfócito T ou HLA (ex. síndrome de Stevens Johnson / Necrólise Epidérmica Tóxica)
O termo alergia a medicamentos, deve ser utilizado quando se identifica mecanismos imunológicos envolvidos nas reações desencadeadas pelo uso de medicações. As participações imunológicas mais comuns nas alergias medicamentosas envolvem a hipersensibilidade do tipo 1 (IgE mediada) e reação de hipersensibilidade do tipo 4 ( mediada por células). No primeiro caso, as reações surgem até 1 hora da ingestão da medicação e os sintomas podem ser de urticária e/ou angioedema (vermelhidão em relevo na pele associado a coceira e inchaços em determinadas partes do corpo), broncoespasmos (quando ocorre uma redução do calibre dos brônquios do pulmão causando chiado no peito), sintomas irritativos e obstrutivos nasais (rinite) e anafilaxia (quadro mais grave com potencial risco de morte). No segundo caso, as reações surgem depois de 1 hora (geralmente > 6h) até dias da ingestão da medicação e os sintomas podem ser de exantema maculopapular (lesões avermelhadas por todo corpo), eritema fixo por drogas (manchas avermelhadas ou violáceas, geralmente circulares, que deixam lesões residuais e quando o paciente é exposto a medicação novamente, as manchas reaparecem). Reações medicamentosas mais graves como Reação a Drogas com Eosinofila e Sintomas Sistêmicos (doença que cursa com lesão de pele, aumento de células eosinofílicas no sangue, febre e comprometimento de órgãos sistêmicos como por exemplo hepatite), síndrome de Stevens Johnson / Necrólise Epidérmica Tóxica (caracterizado por lesões de pele e mucosa graves, podendo ter várias complicações e risco de morte, diferenciando uma doença da outra pela área de superfície corporal acometida) e Pustulose Exantemática Generalizada Aguda (pequenas lesões com pús sobre uma base avermelhada da pele associado a febre e leucocitose) tem sido correlacionadas a mecanismos de interação farmacológica com imunorreceptores (P-I concept).
O diagnóstico de alergia a medicamentos é baseado em uma história clínica muito bem detalhada e com auxílio de testes alérgicos como prick test, teste intradérmico, patch-test e teste de provocação (padrão-ouro) que vai ser escolhido pelo alergista conforme o mecanismo imunológico suspeitado através das características das reações apresentadas pelo paciente, quando houver protocolo para o teste escolhido e quando não houver contraindicações ao procedimento. Por isso, é muito importante a consulta com especialista, para que a conduta terapêutica adequada seja instituída, melhorando a qualidade de vida do paciente e minimizando a possibilidade de reações graves futuras por erros no diagnóstico e manejo inadequado.
A conduta terapêutica consisti em suspender o medicamento suspeito pela reação e no tratamento dos sintomas conforme apresentação e gravidade. Posteriormente, deve ser avaliado por um alergista para confirmação diagnóstica como citado acima. Uma vez confirmado a alergia medicamentosa, existem 3 possibilidades caso o paciente venha a necessitar do medicamento no futuro.
1) Pode ser utilizado uma opção medicamentosa que não tenha correlação com a identificada no processo alérgico, desde que seja tão eficaz quanto, segura e com bom custo-benefício.
2) Utilizar uma droga semelhante, mas não idêntica, que nesse caso devido ao risco de reação cruzada com a droga responsável pela alergia, deve ser testada antes em ambiente adequado pelo especialista, através de procedimentos como os supracitados e protocolos reconhecidos.
3) E a utilização da própria droga, quando não há nenhuma alternativa de medicação ou há, mas sua eficácia é inferior. Nesse caso, deve ser feito uma dessensibilização pelo alergista, também em ambiente adequado para o manejo de possíveis reações que venham a surgir durante o procedimento. A dessensibilização consisti na administração de doses crescentes do medicamento, em intervalos de tempo previamente estabelecidos de acordo com protocolo usado pelo médico.
Todo paciente com alergia a medicamentos deve ter algum tipo de informativo sobre sua condição, seja através de pulseiras ou cartões plastificados junto aos documentos pessoais, constando da medicação responsável pela alergia e quando possível, com mais informações como nomes de drogas alternativas previamente liberadas pelo especialista.